
&


2nd life novel
LIVE section
em português e em inglês
The name of the band came from the combination of names of two famous lingerie manufacturers. A provocation to the sexual values of our society and to the consumerist world. The group's logo is the letter D emulating a sickle representing the class of agricultural workers.
The band is simple-minded, without a defined style and with no intention of transgressing or freaking out, it only promotes a fun sound for those who listen and those who make them. What is most special are its members and the primitive and arduous mode of production.
In 1986, Edmundo and Calor created rustic and percussive sounds from objects in the house, pots, spoons, fans, etc. These experimental sounds were recorded strictly for personal consumption. The extract of that intuitive harvest was divided into two magnetic tapes that were carried to their respective homes to be their creative sustenance for a certain period of time. No other tape was being produced while the previous one was still nourishing the listener. They have no concept of storage or leftover material. In this way, they had to reproduce this tape as much as possible, in a loop, promoting it, playing it in several different places, provoking and instigating people and especially the musicians themselves to return to harvest new sounds for another tape. With that longing, they hunted harder, fished more persistently, harvested more carefully. The magnetic tape ends up noisy and shattered like an old book with erased letters that can no longer be read but before that it transmitted a lot of learning. It was a concept of extreme creation, paleolithic and at the same time, avant-garde.
Claudio's arrival in 1995 to this scenario brought extraction and segmentation to the process. Technocrat Claudio put together a rigorous production system that divided each member of the group into a specific audio track from his 4-channel K7 recorder. It was like a plow where it was germinated, irrigated, treated and harvested what Demillus ☭ Duloren has today; discs, clips, website, concert, literature and possibly, if the soil is fertile, some repercussions.
Cláudio's know-how caused a series of ideological conflicts generated by the paradigm rupture of that conventional conjuncture. That old practice of listening to recordings on k7 tapes until they disappeared, accidentally persisted for a while, because when Cláudio returned to Carlinho's house to make more recordings and found that Carlinhos had destroyed the production of the previous week. He and his girlfriend said they were proud to have listened to the songs incessantly and that the tape had been lost.
Edmundo and Carlinhos recorded as the music appeared, now, with the participation of Cláudio, everything that is produced must be well used. The advent of non-linear editing that emerged in the 1990s allowed each fragment of production to be processed, reprocessed, expanded, multiplied to the maximum, seeking greater benefit amid arid terrain and rough labor.
For each attempt to produce recordings, a lot of negotiation and investment was required. Carlinhos needed a lot of alcoholic and narcotic to acclimatize himself to the creative environment, so that, from then on, it was allowed to set up the technical musical apparatus A kind of advance payment that Claudio often had to pay.
Unfortunately, class differentiation in the group was implicit from the start. Cláudio appeared as the holder of the technique and tools, which hindered that unlikely love relationship.
O nome Demillus & Duloren surgiu da junção de nomes de dois fabricantes de lingeries famosos. Uma provocação aos valores sexuais da nossa sociedade e ao mundo consumista . O logotipo do grupo é a letra "D" emulando uma foice que representa a classe de trabalhadores agrícolas.
A banda é simplória, brejeira, sem estilo definido e sem intenção de transgredir, apenas promove um som divertido para quem ouve e quem as faz. O que há de mais especial são seus integrantes e modo de produção, primitivo e árduo.
Em 1986, Edmundo e Calor criavam sonoridades rústicas e percussivas a partir de objetos da casa, panelas, colheres, ventilador, etc. Esses sons experimentais eram gravados estritamente para consumo próprio. O extrato daquela colheita intuitiva do era departido em duas fitas magnéticas que eram levadas para suas respectivas casas para ser seus sustento criativo por determinado período de tempo. Não se produzia outra fita enquanto a anterior ainda estivesse nutrindo quem ouvia e não havia conceito de estocagem ou sobra de material. Dessa forma, eles tinham que reproduzir essa fita o máximo possível, em loop, divulgando, executando em vários locais diferentes provocando e instigando pessoas e principalmente os próprios músicos a voltarem à colheita de novos sons para uma outra fita. Com esse anseio se caçava com mais afinco, se pescava com mais persistência, se colhia com mais capricho. A fita magnética termina ruidosa e despedaçada como um livro velho com as letras apagadas que não pode mais ser lido mas antes disso transmitiu muito aprendizado. Era um conceito de criação extremo, paleolítico e ao mesmo tempo, vanguardista.
A chegada de Claudio em 1995 veio a trazer extrativismo e segmentação ao processo. O tecnocrata Claudio montou um rigoroso sistema de produção que setorizava cada membro do grupo em uma trilha especifica de áudio de seu gravador k7 de 4 canais. Era como um arado onde foi germinado, irrigado, tratado e colhido o que o Demillus ☭ Duloren dispõe hoje; discos, clipes, site, show, literatura e possivelmente, se o solo for fértil, alguma repercussão.
O know-how de Cláudio causou uma série de conflitos ideológicos gerados pela ruptura de paradigma daquela conjuntura convencionada.
Aquela antiga prática de se ouvir as gravações em fitas k7 até elas desaparecerem, persistiu acidentalmente por mais um tempo, pois quando Cláudio voltava a casa de Carlinho para fazer mais gravações e descobriu que Carlinhos destruíra a produção da semana anterior. Ele e sua namorada contaram orgulhosos de terem ouvido as músicas incessantemente e que a fita tivera sido perdida.
Edmundo e Carlinhos gravavam à medida que as musicas surgiam, agora, com Claudio, tudo que se produz é aproveitado, o processo de feitura também é parte da obra. O advento da edição não-linear que surgia na década de 90 permitiu que cada fragmento da produção fosse processado, reprocessado, expandido, multiplicado ao máximo buscando ter maior proveito em meio a um terreno árido e mão de obra rude. Para cada tentativa de produzir gravações era necessário muita negociação e investimento. Carlinhos precisava de muita bebida alcoólica e entorpecente para se ambientar ao clima de criação, para aí sim, se poder montar o aparato técnico musical. Uma espécie de pagamento antecipado que Claudio muitas vezes teve que arcar.
Infelizmente a diferenciação de classes no grupo ficou implícita desde o começo. Cláudio figurava como o detentor da técnica e das ferramentas, o que dificultava aquela relação amorosa tão improvável.

Cláudio
Monjope
Claudio tem um trabalho social com usuários de serviço de saúde mental que visa dar voz, estrelato e dignificá-los. Quando os convidados de sua organização têm anseios artísticos, Claudio lhes dá todo aparato técnico como o que ele tem feito com Demillus & Duloren. São dezenas de vídeo clipes, dezenas de músicas, site, texto, blogs, mídias sociais etc.
Funciona como um pequeno lable de música underground que perde seu artista para uma major lable depois que ele alcança o sucesso. Muitos que trabalharam com Claudio deram uma alavancada na vida.(Tantão por exemplo). Carlinhos Calor do Demillus & Duloren foi um caso único de extrema involução que culminou em displicência, inanição e morte.
Claudio ainda acredita no potencial de Demillus & Duloren mesmo depois de 27 anos de investimento quase infrutífero.

Hawk
Edmundo, o Mister Hawk ( ou o que seria o mais adequado, Dirty Hawk), é um cara punk no que se refere a inconformismo, malandrice e sordidez.
Edmundo adotou Hawk como apelido por ter adoração pela banda Hawkwind e incorporou também a avacalhação de conceitos que aquela novidade protopunk despontava em 1970, quando o movimento hippie estava em ebulição.
Edmundo é punheteiro inveterado. Ele diz que suas seções de masturbação ultrapassam as dez ejaculações. Técnica absorvida dos monges tibetanos, que se masturbam como forma de elevação espiritual. Edmundo Hawk propõe masturbações coletivas em espaços públicos como uma alternativa a um concerto de rock por exemplo. Trata-se de uma combinação de desgosto pelas relações conjugais e pelas músicas descartáveis.
Outra experiência de vida de Edmundo foi juntar uma fortuna no setor bancário onde atuava e em seguida esbanjar tudo da forma mais lasciva possível e por mais tempo possível. Logicamente as consequências foram as piores possíveis e em curto tempo.
Edmundo tem muita musicalidade, inventividade e gosto abrangente. Além de Hawkwind como referência, ele se dedicou com afinco à música concreta, punk, eletroacústica e até o techno, adquirindo Livros, LPs, CDs, pickups, CDJs, mixer, viagens, revistas etc. Atualmente, através da internet, Edmundo troca com Claudio várias referências músicas de bandas com alto grau de piração, avacalhação, erotismo, atitude, rebeldia, modernidade e inventividade. Esse último o quesito mais importante:
Claudio e Edmundo fizeram apresentações, shows, gravações, entrevistas juntos sem nenhum vocalista. As vezes usavam a voz do C. Calor sampleada e as vezes era só música instrumental. Num desses ensaios instrumentais, a música se descambou inesperadamente para os moldes de música feita pelo Richard James do Aphex Twin. Rápido como um falcão Edmundo advertiu: _” Apague essa música e vamos começar outra! ‘’

Tantão
Tantão é um Músico sem instrumento, pois seu violino foi queimado, sua bateria eletrônica e teclado desapareceram e qualquer outro instrumento sobre a custódia de Tantão vira pó. No sentido bíblico e no sentido de qualquer homeless, junkie num sábado a noite. Tantão é, indiscutivelmente, o maior notívago - boêmio do Rio de Janeiro, mas não mora na cidade. Uma equação sem solução racional considerando não existir transporte interurbano razoável para levá-lo para seu endereço e mesmo que houvesse o valor da passagem sempre é revertido em aditivos inibidores de sono para prolongar a jornada festiva por mais uns dias.
Amigos desde os anos 80, Claudio e Tantão atuam na música eletrônica, no underground e nas artes plásticas. Cláudio tocou na banda de Tantão, o Black Future e Tantão participou da banda de Claudio, o Demillus & Duloren. Em consagração a essa amizade longeva, Claudio oferecia a Tantão pernoite em sua casa. Numa dessas noites, Claudio fez com que Tantão empunhasse um dos microfones do seu home studio, e expressasse algo para uma gravação experimental. Nesse mesmo ano a dupla agendou vários shows, performances, saraus, entrevistas, live PAs, etc,... Tantão se transformara no vocalista do Demillus & Dulorem e posteriormente foi um vocalista requisitado por vários outros projetos musicais.
Não existe mais aquela velha preocupação dos instrumentos musicais desaparecerem ao vento. O instrumento que levou Tantão ao estrelato estava embutido nele todo o tempo e só precisou ser catalisado e repaginado, um instrumento que ninguém jamais conseguirá tirar dele, sua cara-de-pau.

Carlinhos Calor
in memorian

Playboy, insano, bon vivant, vida louca, surfista, são temas presentes nas músicas da banda Demillus & Duloren pois assim era a vida de Carlinhos Calor .
Sustentado pelas mesadas dos pais, sem nunca ter tido profissão, filhos ou qualquer outra responsabilidade mais séria na vida, Carlinhos Calor exibia porte atlético, cabelos vistosos, bronzeado de praia e um carregado modo de se expressar pertinentes ao mundo do surf . Um jovem forjado nesse cenário solar mas com uma trajetória de vida sombria, insana e bizarra.
Os links anexos abaixo, contam episódios da vida, fatos inusitados e a trajetória artística desse auto intitulado “músico muito moderno”e de sua banda, Demillus & Duloren.
Primeiros Anos
Carlos teve uma infância turbulenta, não conheceu o verdadeiro pai e foi entregue pela mãe, para adoção, à um casal burguês de meia idade, para o qual ela prestava serviços domésticos. Essa situação de abandono e rejeição materna, aliada a uma inadaptação no convívio com a nova família, transformou sua infância num verdadeiro caldeirão de revolta, desobediência e rebeldia. Esses traumas o marcaram para sempre e acabaram moldando sua personalidade errante e peculiar, refletindo posteriormente em sua bizarra trajetória artística.
Carlinhos estudou até a quarta série primária apenas, pois, após constantes expulsões de vários colégios do Rio de Janeiro, sua cidade, seus pais adotivos desistiram de lhe dar uma educação formal, tamanha a quantidade de atos de indisciplina que o garoto praticava constantemente.
Performer Pueril
Henrique era vizinho do Carlinhos Calor, moravam no mesmo edifícil em Copacabana, Calor no sétimo e Henrique no primeiro. Não tinha envolvimento com experimentalismo e fez carreira na música, cantou no grupo Cobra Coral e dominava violão e trombone. A maioria das musicas de Demillus & Duloren tem participação do Henrique, tocando trombone e vocais na música Enfermeiro e na Fornalha.
Aos 6 anos de idade, Carlinhos e Henrique faziam manifestações politicas nas ruas de Copacabana. Escreviam frases de ordem em cartolinas ou papelão, amarravam no peito, como homem sanduíche, muito comum em Copacabana até hoje, e saiam protestando as agruras que supostamente sofriam. Provavelmente algo relacionado ao sistema de governo que eles viviam na década de 60 pois era um ditadura que censurava, torturava e matava.
Funcionava assim, enquanto um conclamava e incitava os pedestres do quarteirão que moravam, o outro fazia, com a voz, sonoplastia de toque de caixa de banda de coreto. Algo do tipo:"_Parara tipum pum pum."
O nome da banda e os apelidos Calor e MacLaren
Carlinho Calor era assim chamado poque quando ia para praia surfar ele usava Sleeve, uma roupa de neuprene bem gosso que esquenta o corpo. Seu amigos do surf, que incluía Carlos Burle e Renan Pitanguy, incomodados com a situação sugeriam que ele tirasse o traje inapropriado para um clima carioca de 40 graus centígrados em média. Carlinhos por seguir padrões estéticos rígidos, usava o uniforme completo do surf em todas ocasiões, independente das condições climática por isso ele nunca abriu mão do sleeve. Então seu apelido virou Carlinho Calor.
Mac Laren , foi um apelido que surgiu quando ele chegou em Ibitipoca pilotando seu automóvel Volkswagen Gol vermelho customizado com listras e volante com 20 centímetros de diâmetro. A pilotagem de Carlinhos sempre foi bastante radical. Com esse mesmo VW Gol ele protagonizou uma cena de risco de morte – ficou por horas pendurado num penhasco escorado apenas por uma árvore.
Na cidade de Ibitipoca muitas pessoas adotam apelidos pelas mesmas razoes do Carlinhos, não querem ser identificados, querem fazer retiro ou mudar de vida. Invariavelmente muitas dessas pessoas são das mais esquisitas, traumatizados e as vezes marginais.
No Brasil existe uma tradição de batizar duplas sertanejas de nomes simplórios: Milionário e Jose Rico, Domingo e Feriado, Marlboro e Hollywood (duas marcas de cigarro), Pena branca e Xavantinho (dois índios), Rio Negro e Solimões (dois rios), etc. Demillus e Dulorem são nomes de dois fabricantes de lingeries. Uma provocação aos valores sexuais da nossa sociedade e ao mundo consumista e descartável.
A Revista Que Pousou Na Capa
Carlinhos tinha olho azul, boa aparência e aspirava um modo de vida salvável e natural, um personagem ideal para ilustrar a capa da edição numero 1 da Revista Brasil Surf em 1975. Não houve contrato, nem trato, nem sequer avisaram ele, apenas expuseram sua imagem como faz um paparazzi. Ele estava praticando surf na praia do Arpoador e o fotógrafo Fredy Koester flagrou o momento.
Para ver a imagem da capa clique em FOTOS.
A desfeita do Carlinho com show de tv
Uma emissora de tv main stream brasileira ofereceu a Claudio a participar de uma programa com o tema “CASA”. Na noite anterior a filmagem do programa Cláudio expôs a oportunidade ao Carlinho, houve interesse em fazer a performance, então foi ensaiado uma musica do Vinícius de Moraes (A CASA) e definiu-se um horário na manha seguinte.
Como toda produção de filmagem profissional , os preparos começaram bem cedo. Um micro ônibus foi buscar Cláudio pontualmente para depois buscar Carlinhos que morava a algumas quadras de sua casa.... Carlinhos não estava a postos, então Cláudio subiu o seu edifício o procurando, tocou a campainha e ficou sem resposta. Desesperado com a desfeita que estava se formando naquele momento, Cláudio chama através da porta. A campainha não funcionava então Cláudio bateu na porta e eis que surge a voz do Carlinhos respondendo: _O que houve?
Cláudio tinha menos idade e uma relação de respeito que não permitiu os nervos se exaltassem. Exposta a situação, Carlinhos disse que não poderia sair de CASA porque não encontrara as chaves da porta.
A caixa com dinheiro
Carlinho acompanhado do amigo Edmundo foi ao trabalho do pai para resolver alguma necessidade urgente já que o Sr. Mario estava impossibilitado de sair de casa por consequência do Alzheimer. O local já se encontrava com sinais de abandono então naturalmente os amigos se sentiram impelidos a vasculhar cada armário, gaveta, prateleira e caixa. Numa dessas caixas tinha vários calhamaços de dinheiro.
Essa descoberta inesperada seria bem vinda pelas maiorias das pessoas no mundo, porém não na mão de alguém que passou 30 anos da vida recebendo mesadas criteriosas da família.
Carlinhos não contou para os pais sobre o fato ocorrido com medo de não se beneficiar do seu grande feito. Caso ele mostrasse para mãe o conteúdo da caixa, provavelmente ele mudaria a percepção que a família tinha dele: Um inconsequente sem noção real de valores materiais.
Seu Mario não pode usufruir dos benefícios que o seu próprio dinheiro faria à sua condição enferma e miserável, mas boa parte dos cachaceiros e drogados de Copacabana sim.
Carlinho comprou carro, bateria musical, multiplicou sua discoteca, mas a maior parte do dinheiro foi para os aproveitadores de quem Carlinhos sofria contínuos golpes. Mais detalhes destes golpes no link Presa Fácil.
Noitadas interrompidas pela mãe
_Não me volte mais nessa casa!
_Ponha-se daqui pra fora!
_Vou chamar a polícia!
Assim dona Nair se dirigia aos convidados de Carlinhos. Ela nunca teve paciência para com seu filho adotado muito menos para com os participantes das longas e diárias seções de audição de música. O pai de C.Calor, que foi o único responsável por sua adoção não se opunha a algazarra.
Carlinho sempre foi dado a se envolver com a escoria da sociedade. Provavelmente assim ele se sentia mais habilitado a de lhes dar a guarida e o amor que lhe foi tão falho. Teve ocasião que Carlinho trouxe para casa três moradores de rua que ele tinha acabado de conhecer. Tinha o Austin, um americano esquizofrênico que a família deixava o dia inteiro com Carlinhos. Tinha aqueles que vinham pegar drogas que Carlinho revendia e ficavam para ouvir música.
Ali era local de entretenimento com centenas de LPs, centenas de CDs, dezenas de VHSs, dois pares de caixa de som e um poderoso sound system com tape deck, equalizador, câmera de eco, power, pré, etc.
Os amigos que chegavam durante a audição já reconheciam as músicas tocando à uma quadra de distância. Esses tinham que esperar o intervalo entre duas músicas para poder tocar a campainha ou gritar pela porta, senão ninguém o ouviria.
Numa tentativa de impor alguma ordem na casa, Dona Nair apontou para uma figura de cabelos longos deitada dormindo no sofá e disse: _ “Olhe o estado dessa mulher! Tire essa piranha já daqui!!!” A referida piranha era Marcelo um dos amigos hippies de Carlinhos.
A perda do teto do carro
Certo dia, Carlinho precisou sair de caro, foi ate a garagem e notou que seu carro fora customizado à revelia em uma conversível.
Essa é uma das historia mais interessantes porém não há testemunho do acontecido pois Carlinho estava alcoolizado também não sabe o que aconteceu com o teto do carro. O porteiro viu ele chegar manguaçado algumas noites anteriores com a parte de cima do carro todo arrebentado mas não criou-se grandes especulações sobre o assunto pois se tratando de Carlinhos Calor pode-se esperar de tudo.
O beijo Do Negão
Carlinhos não era de frequentar festas, boates, casas noturnas etc. No entanto, ele vivia cercado de amigos e conhecidos que eram notívagos inveterados. Era natural ele ter um certo conhecimento daquilo que rolava em seu entorno e na vida noturna da cidade. Em meados da Década de 90 a cena de música eletrônica estava crescendo muito no Brasil, e era inevitável que ele, cedo ou tarde, acabaria tendo contato com esse novo universo cultural e comportamental. Certa noite, Edmundo o convidou a ir numa festa techno que acontecia próximo de sua casa. Como Carlinhos nutria uma certa curiosidade acerca das novas drogas sintéticas que começavam a circular na cidade, ele imediatamente topou a missão e partiu pra noitada. Chegando na festa, logo lhe ofereceram ecstasy. Passado alguns minutos e lá estava Carlinhos totalmente a vontade e entregue aos efeitos característicos da droga e interagindo com a música eletrônica do ambiente. Um rapaz negro forte e bem alto, aproximou-se de Carlinhos e começou a conversar com ele. Carlinhos parecia não entender bem o que o rapaz queria com ele, mas como ele estava em total estado de afetividade provocado pela droga, interagia de forma sorridente com o rapaz. Vendo que o Carlinhos reagia com largos sorrisos, o rapaz tratou de abraçá-lo e os dois trocaram um longo e afetuoso beijo na boca. Carlinhos caiu em si, e meio sem jeito, tratou de se afastar do Negão, talvez meio envergonhado com toda aquela situação. Entretanto, essa experiência tanto com o ecstasy quanto com sua primeira experiência homo afetiva, deixaram agradáveis lembranças na mente sempre aberta do destemido Carlinhos, pois ele sempre lembrava de episódio e fazia questão de destacar os lábios carnudos do inusitado parceiro. Em contrapartida, deve ter sido um sensação frustrante para o excitado pretendente dado ao precário estado de conservação da boca de Carlinhos. Seus dentes podres e escassos eram motivo para enfraquecer qualquer relação. Lola, que namorou Carlinhos por décadas, se incomodou com o advento do corajoso afro - clubber . Ela exclamou: "_Porra, que saco, Carlinhos não para de falar desse negão, da boca, do beijo, da noite, que merda, #@$%! "
O pai vegetal em meio a algazarra.
Audições de discos e vídeos eram diárias e regadas com álcool, entorpecentes, conversas e musicas em volume alto. Bem no meio do trajeto dos convidados do Carlinho, na sala de estar, tinha uma pessoa desnutrida, velha, imóvel e inexpressiva deitada no sofá . Era o pai de Carlinho, o Seu Mário, (ou o que sobrou dele) que devia pesar menos de 40 quilos e em meio ao cheiro de mijo de 6 gatos no piso acarpetado, nunca era possível afirmar se ele estava vivo ou em decomposição. Era constrangedor ter que encarar aqueles olhos estáticos esperando algum sinal vital e não existia comunicação oral.
A única vez que houve alguma interação daquele moribundo com os amigos do Carlinho foi quando Leonardo, um dos convidados, foi a sala e trouxe e Seu Mario abraçado como uma boneca de pano para dançar uma musica junto a galera animada no quarto.
A ação inadvertida de Leonardo veio a culminar num episódio inusitado. O susto inicial de ver aquela figura entrando pelo quarto se transformou numa espécie de arraial. Todos em roda dançando com Seu Mario que enfim esboçou aquela tão esperada expressão facial. Ele estava sorrindo tão cativantemente que todos ficaram a vontade com sua presença.
Presa Fácil
Carlinho era frequentemente ludibriado pelas pessoas, primeiro porque de sempre errou no juízo que fazia das pessoas e segundo porque o despreparo de Carlinho era tão grande que todos queriam tiram algum proveito .
-Todos seus imóveis foram perdidos por consequência de inquilinos que não pagavam as taxas o de advogados e imobiliárias que não administravam corretamente.
- Lhe foi vendido um terreno em Santa Catarina, milhares de quilômetros de sua casa, que nunca se teve notícia, foto, escritura ou outra comprovação.
- Carlinhos comprou uma bateria eletrônica Yamaha com pads, ferragens, cérebro e tudo mais. O próprio vendedor pediu a bateria emprestada e nunca mais devolveu.
- Carlinho comprou um terreno inclinado de difícil acesso, difícil de se construir, afastado de tudo e sem água nem luz. A promessa do vendedor era de que a companhia de luz faria a ligação em no máximo 10 dias. Demorou na verdade 12 anos para se pode acender uma lâmpada em sua casa.
- Carlinho comprou um carro Ford Escort que nunca funcionou. Foi Levado ã reboque para frente da sua casa e lá ficou por anos sendo engolido pela natureza.
- Até depois de morto , um crápula dono de restaurante que Carlinho fazia serviços gerais não quis passar seu ordenado para viúva.
Carlinho tinha amizade fraternal e cega por cada uma das pessoas que lhe lesava ao passo que se alguém se aproximasse dele com boas intenções seria repudiado imediatamente.
No dia de seu aniversário, seu parceiro de banda, Claudio foi visitá-lo com expectativa de criação musical. Foram 400 km muitos deles de estrada de terra. Ao chegar em sua casa Carlinho disse: _Chegou em má hora! Vou te dar um mapa e você se vira na cidade!
Fuga do Rio de Janeiro
Carlinhos sempre conviveu de perto com o que havia de pior no bairro de Copacabana. Traficantes, Bêbados, prostitutas, malandros, drogados, etc. No fim dos anos 90 seu envolvimento com o submundo era cada vez mais frequente, pois seu apetite voraz para bebidas e outras substâncias, tornava cada vez mais tênue a sua convivência nesse meio. Sua fiel companheira Brasinha, cansada dessa rotina sem futuro, começou a criar atritos com alguns traficantes do pedaço, culminando com uma confusão em um bar próximo a casa do Carlinhos. Alguns dias depois dessa briga um dos traficantes foi repentinamente preso pela polícia, após uma denúncia anônima. Imediatamente os malandros da região acusaram a Brasinha de ser a responsável pela prisão do tal traficante, fato este que até hoje não foi comprovado. Assim, acuado pela situação provocada por sua companheira, Carlinhos e Brasinha se viram obrigados a desaparecer de Copacabana urgentemente. Carlinhos resolveu partir para Ibitipoca- MG. No início de 2000 Carlinhos se mudou para Ibitipoca e acabou não mais voltando a morar em Copacabana. Seu apto posteriormente foi vendido pela justiça para saldar as dívidas com anos de encargos deixados para trás.
Causa da Morte
No dia que Carlinhos morreu ele foi visto com um mau elemento com passagens pela policia e odiado em toda cidade por ser estúpido, encrenqueiro, golpista, traficante, etc.
No dia do enterro, esse criminoso, entre outras mentiras , fez um suposto rateio para custear o enterro de Carlinho, diz ter vestido e preparado o corpo pro velório. Tudo mentira, ele roubou varias pessoas na cidade. Talvez o safado tenha se apropriado do corpo para evitar uma autopsia. Esse mesmo elemento abordou a viúva insistentemente em meio a comoção do luto dizendo que iria morar na casa de Carlinho porque assim ja estava pré estabelecido. Cláudio teve uma seqüência de indisposições com esse elemento na tentativa de mantê-lo afastado da viúva inclusive resultando em empurrões.
Como esse marginal frequentada uma roda de craqueiros da cidade Cláudio achou prudente ir embora de Ibitipoca e não mais voltar mesmo com o convite da viúva e de amigos.
Carlinhos corria 10 quilômetros por dia, sempre foi esportista e mesmo assim disseram que ele morreu infarte: “_Ele estava conversando de repente sentou e morreu”
Performance ao vivo e ao morto
Edmundo e Cláudio conheceram uma pessoa envolvida com uma radio local de alcance mínimo, a Radio Gigoia numa ilhazinha de difícil acesso na Barra da Tijuca , Rio de Janeiro. Marcou-se uma data e lá foi o Demillus e Duloren e uns amigos fazerem um Live PA rural. Tudo deu tão certo que Flavinha acompanhante da banda passou a ter um programa na radio só pra ela. Flavinha era médica e teve relacionamento amoroso com Cláudio e Edmundo.
Um pocket show / petite comité foi realizado em Ibitipoca no dia do aniversario de 59 anos de Carlinhos (12/10/17). Foi na própria casa do aniversariante e além da esposa Lola compareceram três amigas. Claudio levou um pequeno set de instrumentos e três celulares para fazer o registro do evento. A filmagem está divulgada na internet como Party Rock - Demillus & Duloren Live.
No ano seguinte (15/03/2018), dessa vez no centro do Rio de Janeiro, aconteceu a unica apresentação em um palco de Carlinhos na banda. Poucos meses depois Carlinho morreu. Foi colocado um boombox em cima da sua barriga no caixão aberto tocando Pink Floyd . Foi que de mais estranho se arrumou pra agradá-lo. Boa performance, seu corpo já estava cinza e seu nariz expelia espuma.
Crazy Life
(Vida Loca).
24 hrs com Calor . Crônica autobiográfica do seu dia a dia
Caminhando... andando para lá e para cá, vou me lembrando das figuras que andavam comigo
procurando aquele botequim para tomar uma geladinha
e de repente encontro quem? o Zé nariz.
Zé nariz?1?! Ô Ze nariz!!!!! como é que é Zé nariz tudo bom? Ô rapaz e aí tudo joia?
Que que a gente vai fazer hoje?
Vamos sair por aí cantando e andando naquela alegria contagiante no rosto demonstrando esperança de que nós vamos conseguir arrumar duas frangas.
Aí de repente encontro aquela franga dos sonhos que eu estava sempre imaginando
aí eu digo para ela:
Crazy Life, Crazy Life
E aí vamos dar um rolé? vamos vamos dar um rolê sim para onde?
ué?! nós vamos lá para o alto do morro. Nós vamos chegar lá e vamos curtir um belo de um hip hop.
Crazy Life Crazy Life
Vamos cair dentro da farra porque a que hora é essa, entendeu?
E estamos indo, vamos caminhando vamos chegando...e chegando, lá aquele agito total
começamos a dançar para lá, começamos a dançar para cá
aí vai começando a cair o suadouro
aí eu chego eu falo:
Crazy Life Crazy Life
Vamos tomar uma cerveja para poder anestesiar um pouco a nossa cabeça. .
Aí nós estamos indo, vamos tomando uma duas três quatro cinco seis dez….
e de repente tá todo mundo vendo tudo rodando. kkkkk, Aí eu digo assim ó:
Crazy Life Crazy Life
E aí vamos chegando naquele momento em que lá pelas 3 horas da manhã a menina chega e fala para mim assim:
_Poxa eu quero chegar e dar um rolé contigo, entendeu?
Quero ir lá para beira da praia, quero ver um pouco daquele astral positivo ali do litoral, né?
..e já estava todo mundo para lá de Marrakesh né?
aí nós vamos chegando lá na beira da praia e vamos conversando e vamos chegando para lá, chegando para cá, e tudo aí rola um amasso e vamos chegando aonde a gente tá querendo, a PAW, TCHUN, TUN, CREU vai lá, vai cá... E aí de repente de uma hora para outra tá começando amanhecer aí eu digo assim:
Crazy Life Crazy Life
Olha, o negócio é o seguinte, agora a gente vai para casa, entendeu? E vamos tomar um banho de água doce e vamos voltar para praia de novo e ficar largado.
E aí vamos tomar uma aquele bronze lá pelas 9 - 10 horas da manhã, entendeu? Estamos chegando numa hora eu vou pegar minha prancha e vou entrar no mar. O mar está bom demais aí eu chego lá entro do a primeira remada , a segunda remada, a terceira remada E aí eu chego na hora do pico tiro um drop aí eu tomo maior esbabaco. Aí eu vou pego a prancha novamente e retorno novamente para o pico aí quando tô chegando no pico eu pego o aquele tubo maravilhoso…uhhhhhh
kkkkk Tomei um belo de um caldo lá dentro mesmo túnel.
E aí eu fiquei pensando assim:_Poxa será que eu voltar novamente?
Não não vou voltar novamente Não vou fazer o seguinte vou jogar um belo de um vôlei.
Aí vou lá jogar um vôlei, depois que o jogo é um frescobol, depois que jogaram canelo bol,
canelo bol chute para lá canelo bol é chute para cá. E aí nós vamos chegando naquele momento que nós já estamos extasiados e vamos falar assim um para o outro:
Crazy Life Crazy Life
Olha dessa vez eu não tenho gás mais para nada,
eu vou para casa mas na próxima vez nós vamos nos encontrar, valeu?
ENGLISH
Vida Loca
tradução da música Crazy Life para inglês.
Walking ... hiking back and forth, I remember some fellows of mine,
looking for that tavern to have a cold beer,
when suddenly I find who? Joe Nose
Joe Nose?!?! Hey Joe Nose !!!!! How are you doing, Joe Nose ? Is that ok? Yo man, is everything cool?
What we gonna to do today?
Let's go around singing and walking in that contagious joy on the face showing hope that we will manage to get two chicks.
Then suddenly I found "that" dream chick I ever imagine ...so i told her:
Vida Loca
What's up? Let's go for a walk? _Sure! Where to?
Pff?! We go there to the top of the hill. We will get there and enjoy a nice hip hop.
Vida Loca
Let’s get crazy cause it’s the right time, you know what i mean?
Walking ... hiking ….reaching…
When we arrived, it was total hype!
We started dancing over there, we started dancing over here.
The sweat starts to fall and I say:
Vida Loca
Let's have a beer so we can numb our head a little. .
….and we go on taking two, three, four, five, six, ten….
suddenly everyone is watching everything spinning kkkkk, Then I say like this:
Vida Loca
So we reached the moment by 3 am the girl approaches me and says:
_Gee! I want to take a “walk”, you know what i mean?
I want to go there to the beach, I want to enjoy a little bit of that positive mood out there, right?
...and everyone was already crazy, right?
Then we get there, by the beach... and we talk... and i get there... she get here... everything happens and we get to where we want... PAW, TCHUN, TUN, CREU... go there... go here ... And then suddenly it's starting to dawn and I say:
Vida Loca
Look, here's the deal: _Now we're going home, you know? And we’re going to take a fresh water bath and we’re going to go back to the beach again and stay off.
And then we'll get a tan around 9 - 10 am, you know?
It is time to take my board and I will enter the sea. The sea is too nice. I do the first row, the second row, the third row and when I’m off the lip, i take a drop there, I take the biggest fail,
then I'll take the board again and return to the peak there when i'm reaching the peak i take that wonderful tube ...uhhhhh
kkkkk I took a beautiful smash inside the same tunnel.
And then I was thinking: _Wow will I be back again?
No I will not go back again, I will play a nice volleyball.
Volleyball, than a padleball and than a figthball
Figthball’s kick here . Figthball’s kick there...
And so we reach the moment that we are finally ecstatic and we say to each other like this:
Vida loca
You see, this time I have no gas for anything,
i'm going home but next time we'll meet, ok?